Secil premeia Nuno Brandão Costa por show-room para móveis em Paredes

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O edifício, que inclui também área administrativa e ateliers, situa-se numa zona de indústrias próxima do Porto, e é um "programa fora do habitual".

O arquitecto Nuno Brandão Costa - que foi distinguido com o mais importante prémio português de arquitectura, o Secil - gosta de edifícios com um programa bem definido. Foi isso que lhe aconteceu quando recebeu a encomenda da obra que o júri da Secil acaba de premiar: o Edifício Administrativo e Show-Room Móveis Viriato, em Rebordosa, no concelho de Paredes, próximo do Porto.

"Quando o programa é inteligente, os edifícios têm potencial para serem mais interessantes", explica ao PÚBLICO. Neste caso, a empresa industrial Móveis Viriato (hoje Viriato Hotel Concept), especializada em mobiliário para hotéis, pediu ao arquitecto um edifício que "desse uma nova cara" à paisagem industrial onde está inserida a fábrica de móveis.

Queriam um show-room, mas também uma zona administrativa, alguns ateliers, uma sala de reuniões e uma zona de copa. E - pedido fundamental para o que veio a ser o edifício - queriam que este não roubasse muito espaço ao estacionamento em frente da fábrica, necessário, nomeadamente, para as manobras de veículos de transporte de móveis.
"A opção por elevar o edifício do chão parte de uma questão funcional, que é a de não perder lugares de estacionamento", explica o arquitecto de 39 anos, que se formou na Faculdade de Arquitectura do Porto e estagiou com os suíços Herzog & de Meuron.

Nasceu assim uma estrutura elevada, com uma base em betão nos pontos em que assenta no chão, uma composição que, segundo Brandão Costa, "parte de uma ideia muito clássica" e de uma forma que seria absolutamente simétrica se essa simetria não fosse depois desfeita por um grande janelão do lado esquerdo. É nesse "ponto de maior tensão da composição" que o arquitecto - que tem projectado sobretudo moradias individuais e trabalhos para câmaras e universidades - responde a outro pedido do cliente: a identificação da marca Viriato, sobre o janelão.

O Prémio Secil é atribuído de dois em dois anos a edifícios que "incorporem o material primordial da actividade da Secil - o cimento - e que constituam peças significativas no enriquecimento da arquitectura portuguesa". Este ano, o júri, presidido pelo arquitecto Duarte Nuno Simões, analisou os 12 edifícios seleccionados para o biénio 2006-2007 e optou por esta obra, que, segundo Pedro Ravara, um dos membros do júri, "está fora dos programas habituais daquilo que se entende que os arquitectos fazem".

Este é, continua Ravara, um edifício "situado numa periferia, uma zona industrial, difícil de descobrir", fugindo assim aos equipamentos públicos ou aos edifícios no centro das cidades, geralmente distinguidos pelos prémios. Além disso, sublinha, "é muito bem desenhado" por um jovem arquitecto com uma obra "consistente e rigorosa". "Vem introduzir uma nova proposta que consegue compensar o que existia antes" no local, explica, por seu lado, o arquitecto Raul Hestnes Ferreira, também membro do júri.

Duarte Nuno Simões considera que este "edifício que parece suspenso" é "uma obra notável", na qual "não há nada que tenha sido por acaso". Inserindo-a na corrente da Escola do Porto, explica que é uma obra "feita com grande economia de meios e desprovida de coisas a mais".

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