Moderntimes_1800

A orquestra austríaca Moderntimes_1800 propõe uma história da Sinfonia entre os finais do Barroco e o Classicismo pleno.

As obras gravadas abrangem menos de duas décadas (1760-1774), mas ilustram uma época de grande experimentação na linguagem musical - o tempo de Frederico II da Prússia, protector das artes, da cultura e das ideias do Iluminismo, que teve ao seu serviço vários dos compositores deste registo.

Pertencendo a uma etapa de transição, a música deste período está repleta de surpresas, combinando a herança do passado com ousadias que apontam o futuro, nomeadamente o pré-romantismo e a estética "Sturm und Drang". Uma Sinfonia de Johann Adolf Hasse (mais concretamente a Abertura da festa teatral "Alcide al bivio") mostra-nos os últimos ecos do Barroco, seguindo-se uma série de Sinfonias que foram já concebidas como peças independentes, de Johann Gottlieb Graun, dos filhos de Bach (Carl Philipp Emanuel e Wilhelm Friedmann), de Haydn (Sinfonia nº 39, composta antes de 1770) e Mozart (Sinfonia nº 29, 1774). Trata-se de uma antologia criteriosa, que inclui quatro gravações inéditas (de Hasse, Graun e C. Ph. Emanuel).

A orquestra Moderntimes_1800, com instrumentos da época, ainda não é muito conhecida mas tem beneficiado merecidamente dos maiores elogios da crítica. Os seus músicos formaram-se com grandes nomes da música antiga, a começar pelo concertino Ilia Korol, fundador do grupo em 2003 com a oboísta Julia Moretti e um antigo colaborador de Reinhard Goebel e do lendário Musica Antiqua Köln. A interpretação é veemente, com fraseados muito nítidos e bem lançados e forte sentido de estilo, tirando grande partido das tensões e do colorido tímbrico e harmónico. Todos os naipes possuem um som apelativo (com realce para a qualidade das madeiras e dos metais) e surgem claramente definidos num conjunto que privilegia a individualidade tímbrica em detrimento da massa sonora uniforme.

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