O Corpo da Mentira

Não é para todos: fazer um filme de duas horas impedindo que por um só plano, por um momento que seja, irrompa qualquer coisa parecida com um "estilo". "O Corpo da Mentira" é mais "o corpo da indistinção", a indistinção mastigada e aborrecida de um filme de que nem se pode dizer que esteja a "contar uma história", está mais a aviar um argumento assim como quem avia uma receita.

As referências à "actua-lidade" e à "contemporanei-dade" aparecem como palavra mágica para a "seriedade", como cimento para colar os bocadinhos - é ver a maneira como os actores enchem a boca para dizer palavras como "Guantánamo" ou "Al Qaeda", numa espécie de excitação solene (ou por outra, eis a "Guerra ao Terror" transformada em fetiche titilante). Só fica um pouco acima do maior desastre ridleyscottiano ("O Reino dos Céus") porque, pelo menos, as cenas de "acção" são mais curtas e menos maçadoras.

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