Monges do templo de Shaolin rendem-se à economia de mercado

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Monges de Shaolin numa demonstração em Kuala Lumpur, na Malásia Bazuki Muhammad/ Reuters

Numa iniciativa arrojada, considerando que tem origem num mítico templo budista, os monges de Shaolin tomaram em mãos a gestão de quatro templos de Kunming, na província de Yunnan, por um período de 20 anos, aproveitando as vantagens da economia de mercado.

“O avançado sistema de gestão de Shaolin deve alargar-se a mais templos da China para ajudar a promover o budismo zen”, afirmou Shi Yongxin, o abade chefe do mosteiro. Yongxin, que foi estudante de gestão, é também conhecido como “Shaolin CEO” (abade director executivo, em português).

Fundado em 477, o templo situa-se em Song Shan, umas das cinco montanhas sagradas do Taoísmo, na província de Henan, a cerca de 600 quilómetros de Pequim. Shaolin significa “floresta jovem”, um nome cuja origem está relacionada com um incêndio que destruiu a floresta à volta do templo, a qual foi replantada mais tarde.

O templo de Shaolin, famoso berço do kung fu, faz parte do imaginário de muitos portugueses. A série “Os Jovens Heróis de Shaolin”, na versão original "Ying hung chut siu nin", estreou-se nos anos 80 em Portugal e conta a história de três amigos que se tentam tornar mestres de kung fu, ao mesmo tempo que lutam contra o opressor regime Ching (vídeo).

Esta não é a primeira vez que o mosteiro de Shaolin é referenciado em assuntos mais mundanos. Em Junho, a direcção do templo anunciou que iria abrir uma loja online no taobao.com (espécie de ebay chinês), onde vende manuais de kung-fu, pauzinhos “amigos do ambiente”, t-shirts, sapatos, chá, livros e DVDs. Em 1994, Shaolin já havia sido o primeiro templo a registar a sua marca comercial e tem institutos na Alemanha, Austrália e Itália.

Mas esta orientação para a economia de mercado tem também os seus detractores. “Os monges de Shaolin já não praticam o verdadeiro kung fu e tudo o que fazem é para ganhar dinheiro", dizem os críticos desta nova estratégia. Um estudante afirma que o templo deve ser “uma instituição cultural e não uma cadeia de lojas franchisadas”.

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