Guerra Colonial: 150 mil homens ingerem fármacos por sofrerem de stress de guerra

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Ex.combatentes em tratamento fora das redes de apoio de veteranos de guerra não fazem parte dos 150 mil quantificados Daniel Rocha

Cerca de 150 mil antigos combatentes na Guerra Colonial ingerem fármacos por sofrerem de stress pós-traumático, disse o médico que preside à Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra.

"São homens, antigos militares nas ex-colónias portugueses, que estão a tomar fármacos para minorar os efeitos do stress de pós-traumático de guerra", disse à Lusa Augusto Freitas, médico e presidente da APVG - Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra.

Hoje comemora-se o Dia do Veterano de Guerra com uma reunião de antigos soldados em Guimarães.

A ajuda prestada aos ex-soldados que sofrem de stress de guerra é uma das prioridades da organização sedeada em Braga e com 50 mil associados.

"São 150 mil homens que, para além do apoio clínico, ainda recebem outros tipos de ajuda como a terapia individual, familiar ou de grupo", referiu, à margem do encontro, Augusto Freitas.

O número, avançado pela Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra tem por base as consultas de psiquiatria, clínica geral e de psicologia prestadas nas várias delegações da associação bem como em outras entidades ligadas aos antigos militares.

"Este número não engloba os ex-soldados que estão em tratamento fora de qualquer rede de antigos combatentes ou que recorrem apenas aos centros de saúde", salientou o responsável pela APVG.

A associação é detentora de um terreno em Braga para construir um Centro de Dia e um Lar com 130 camas.

O projecto vai ser apresentado ao Programa Pares, do Ministério da Solidariedade.

Embora sem números precisos, o presidente da Associação de Veteranos de Guerra, afirmou que existem "centenas de ex-combatentes a viver em condições precárias e até alguns sem-abrigo".

Com um complemento de reforma anual, que no máximo, atinge os 150 euros pagos numa prestação única, os ex-combatentes querem mais ajuda do estado.

"Quando fomos para a guerra fomos com bilhete de ida e volta mas houve muitos que nunca voltaram", frisou Augusto Freitas.

Os antigos combatentes já reuniram 3500 mil assinaturas numa petição, exigindo ao Governo o regresso dos corpos de 3200 militares que ainda permanecem em cemitérios de Angola, Guiné e Moçambique.

"Desde 1975 que ninguém fez nada por este corpos que podem e devem ser transladados para Portugal"referiu.

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