Vítima mortal do tiroteio na Quinta do Mocho foi assassinada dentro de casa

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O tiroteio causou também cinco feridos, segundo fonte policial Luís Efigénio (arquivo)

O jovem que perdeu a vida na última madrugada na Quinta do Mocho, no concelho de Loures, foi morto dentro de casa por um grupo que trancou a família no interior durante o assalto, descreveu a mãe da vítima. Outras cinco pessoas ficaram feridas, pouco antes, num tiroteio noutro local do bairro, onde decorria uma festa.

Dos cinco feridos, dois foram internados no hospital Santa Maria, enquanto outros dois estão em observação no bloco de cirurgia no Curry Cabral, em Lisboa, tendo um quinto ferido tido alta ao início da manhã deste hospital.

“Eles vieram aqui, partiram os estores e a janela da sala à pedrada e entraram para dentro de casa e mataram o meu filho. Não sei se com pedras se com tiros”, disse Bemvinda Semedo Pereira, 47 anos, natural de Cabo Verde.

O jovem de 20 anos que morreu hoje de madrugada era o segundo de quatro filhos, todos rapazes, com idades entre os 21 e os 11 anos. A vítima residia em França, bem como um dos dos seus irmãos e o pai, encontrando-se em Portugal há cerca de mês e meio, para renovar documentação.

Dez pessoas entraram na residência da vítima mortal

Bemvinda Pereira relatou que o filho acabara de chegar a casa, na Urbanização do Terraço da Ponte, lote 2, quando o grupo iniciou o ataque, tendo-a trancado num quarto juntamente com o seu pai, acamado. Um outro filho, acompanhado por um primo, foram fechados numa outra divisão da habitação.

O grupo, que Bemvinda Pereira afirma ser composto por cerca de dez pessoas, terá “cercado” o jovem, agredindo-o na cozinha e “partindo as coisas todas” nesta divisão e também na sala.

No interior da casa, são visíveis os sinais de brutalidade e agressão, como a porta da cozinha arrancada, vidros partidos e caixas de ovos com as cascas quebradas e espalhadas pelo chão e móveis, constatou a Lusa no local.

No exterior, vêem-se marcas de balas no caixilho da janela e na parede do prédio. A mãe da vítima relata que o grupo vinha de uma festa na Rua Agostinho Neto, onde já teriam disparado alguns tiros.

Feridos foram atingidos junto a uma festa

A PSP de Lisboa adiantou à Lusa que os disparos que atingiram cinco jovens foram feitos a partir de dois carros em movimento, que passaram junto ao local onde decorria uma festa. O mesmo grupo, adiantou fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, terá disparado “mais uns tiros, dez a quinze minutos” mais tarde, no bairro da Bugalheira.

“Começaram a dar os tiros e vieram acabar aqui”, contou Bemvinda Pereira, acrescentando que o filho não se encontrava naquela festa, mas numa outra, em Fetais, igualmente no concelho de Loures.

A família ainda chamou a polícia e uma ambulância, que não chegaram entretanto, pelo que o filho acabou por ser transportado para o hospital num carro de um vizinho.

Insegurança é frequente

As situações de agressões e insegurança são frequentes no bairro, afirmou a mãe da vítima. “Esta é uma ‘brincadeira’ de todos os dias. A polícia nunca cá vem nem as ambulâncias”, relatou, recordando que “ainda há pouco tempo foi morto um angolano aqui perto”.

Bemvinda referiu ainda que o seu filho mais novo, de 11 anos, contou hoje à polícia que no sábado de manhã ouvira um grupo a dizer que iria assaltar a casa da mãe, mas na altura a criança apenas transmitiu essa informação aos irmãos, omitindo-a de Bemvinda.

Junto à casa da vítima, vivem-se momentos de grande angústia e tristeza, com muitas pessoas, entre familiares e amigos, a chorar. Vizinhos de outros bairros deslocaram-se também ao local para prestar apoio e solidariedade à família.

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