Seita poligâmica obrigava menores a ter relações sexuais em rancho no Texas

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O caso foi divulgado por uma rapariga de 16 anos grávida pela segunda vez de um homem de 50 PÚBLICO (arquivo)

O rancho no Texas, denunciado na passada sexta-feira como local de práticas poligâmicas e do qual foram resgatadas no início da semana 416 crianças, foi também cenário de vários abusos sexuais, de acordo com documentos ontem apresentados por assistentes sociais do estado norte-americano. As autoridades encontraram uma cama dentro do templo do rancho, onde eram realizados os casamentos, seguidos de actos sexuais entre os homens maiores de 17 anos e as “esposas espirituais menores”.

Segundo as mesmas provas, as meninas eram obrigadas a casar mal entravam na puberdade e forçadas a ter relações sexuais com homens adultos logo a seguir à cerimónia espiritual do casamento. O único objectivo da ligação era a procriação, pelo que muitas delas já tiveram filhos e outras estão grávidas.

A situação veio a público na sequência de uma denúncia feita, através de um telemóvel, por uma rapariga de 16 anos, também vítima de abusos. A menor contou às autoridades que estava proibida de sair do rancho, excepto em caso de doença. Além disso, um dos líderes da seita, Dale Barlow, um homem de 50 anos com quem foi obrigada a casar, espancou-a por diversas vezes, assim como à mulher que tratava do filho de ambos – de apenas oito meses. A menina está novamente grávida.

As autoridades entraram no rancho na passada quinta-feira com um mandado de busca a Dale Barlow e à procura de provas do casamento com a menina, uma vez que no estado do Texas a lei impede os menores de 16 anos de se casarem, mesmo que tenham autorização dos pais. Apesar dos membros da seita terem colaborado com as autoridades, de acordo com a CNN, não foi possível encontrar nem o pedófilo nem a rapariga.

Crianças protegidas pelas autoridades

Neste momento, as crianças estão sob a custódia do Serviço de Protecção de Menores do Texas, avançou a porta-voz da entidade, Marleigh Meisner, citada pela AFP. Com elas encontram-se, ainda, 130 mulheres que viviam no rancho e que se ofereceram para as acompanhar. Muitas delas são mães das crianças.


A Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que conta com dez mil membros, dominante nas cidades de Colorado City, no Arizona, e Hildale, no Utah, separou-se da igreja mórmon há mais de um século, quando estes renunciaram à poligamia. Esta é ilegal nos EUA, mas as autoridades têm fechado os olhos, pois temem uma tragédia como a do cerco à seita de Branch Davidian, em Waco (Texas), durante o qual morreram cerca de 80 pessoas.

Os seus seguidores acreditam que o homem precisa de casar com pelo menos três mulheres para alcançar o céu. Por sua vez, as mulheres têm de ser subservientes ao marido – o único caminho para o paraíso. Este grupo instalou-se perto de Eldorado há quatro anos. No rancho, de acordo com os documentos apresentados, um homem chegou mesmo a casar com 20 mulheres.

Warren Jeffs dirigente da Igreja foi detido em 2006 por ser cúmplice de violações e foi condenado a prisão perpétua, embora continue liderar a seita a partir da prisão.

Até 17 de Abril as autoridades devem decidir se retiram ou não permanentemente a custódia dos filhos aos pais.

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