ONU diz que biocombustíveis podem pôr em risco luta contra a fome no mundo

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Muitas explorações estão a deixar de produzir alimentos para passar a produzir biocombustíveis Pedro Cunha (arquivo)

Josette Sheeran, directora do Programa Alimentar Mundial (PAM), sublinhou hoje numa audição com eurodeputados em Bruxelas que muitas explorações estão a deixar de produzir alimentos para passar a produzir biocombustíveis.

Por causa desta alteração, “os preços dos alimentos estão a atingir um tal nível que, por exemplo, o óleo de palma em África atingiu o mesmo nível do preço do combustível”, salientou Sheeran.

A responsável reconheceu que o aumento dos preços das matérias-primas agrícolas e dos géneros alimentares dos últimos meses também se devem à especulação dos mercados.

Sheeran lembrou que numerosos países industrializados estão a escolher desenvolver os biocombustíveis, produzidos a partir de matérias-primas agrícolas, devido ao aumento ininterrupto dos preços dos biocombustíveis.

“Isso até pode ser um bom negócio para os agricultores. Mas a curto prazo, os mais pobres do planeta serão gravemente afectados”, porque as culturas destinadas aos biocombustíveis tendem a substituir aquelas destinadas à alimentação humana.

Na terça-feira, a Agência de Avaliação Ambiental da Holanda apresentou um relatório onde afirma que os biocombustíveis feitos a partir de plantas como o milho, trigo ou cana-de-açúcar será preciso ocupar entre 20 a 30 milhões de hectares com culturas energéticas, dos quais 16 milhões na Europa.

No final de Fevereiro, a FAO (Food and Agriculture Organisation), lançou um alerta considerando que o aumento do preço do milho e do trigo está a tornar-se “uma grande preocupação global”.

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