Call Girl

António-Pedro Vasconcelos foi um dos melhores críticos de cinema deste país e realizou, "in illo tempore", alguns filmes importantes: "Oxalá" espelhava o Portugal de depois da Revolução, segundo a lição de Truffaut; "O Lugar do Morto", cruzando Hitchcock e, sobretudo o "film noir" de Preminger, possuía brilhantes ideias de cinema; mesmo a experiência "audiovisual" de "Aqui d''El-Rei" ficava a milhas-luz do modelo viscontiano, mas revelava um forte desejo de ficção histórica.

"Call Girl" não passa de um modesto telefilme, empenhado apenas numa rentabilização apressada das limitações do mercado, com personagens lineares e situações prevísiveis: é verdade que Soraia Chaves evoluiu desde "O Crime do Padre Amaro", mas daí a constituir um "sex-symbol" credível vai um longo passo. O argumento é escorreito, tecnicamente escapa, mas perde-se em lugares-comuns do que se acha que o público quer ver, desperdiçando, inclusive, todas as rábulas (rábulas é a palavra exacta) dos actores secundários.

Sugerir correcção
Comentar