Amor e outros desastres

Já se escreveu mil vezes e não deixa de ser verdade por causa disso: de todos os géneros clássicos nenhum vive ruina maior do que a "comédia romântica". Talvez seja inevitável, porque a "comédia romântica" (mais ainda do que o melodrama) é coisa que pura e simplesmente não dá com os tempos (os "modernos", os nossos).

Alek Keshishian, aparentemente, quer teorizar sobre o assunto, e filmar, em "O Amor e Outros Desastres", a diferença entre a "comédia romântica" e a vida. Saise mal, e deixa o "primeiro grau" embrulhar-se no "segundo", o pior que pode acontecer a quem quer filmar com o olho em dois graus ao mesmo tempo. Os diálogos roçam a inanidade, os actores são quase todos péssimos, a "mise-en-scène" esgota-se em campos/contracampos de "cabeças falantes". Tem o ar de uma "sitcom" que nunca passou do episódio-piloto. Keshishian viveu alguma episódica glória há quase vinte anos, quando filmou "Na Cama com Madonna". Parece que a vida, desde então, não lhe correu bem, e não é com coisas destas que se vai endireitar. Registe-se que a improvável dupla de produtores de "O Amor e Outros Desastres" é constituida por Luc Besson e David Fincher.

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