Impactos dos incêndios nas Canárias são "incalculáveis"

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Em seis dias, Tenerife e Gran Canaria terão perdido entre 20 e 25 por cento da sua floresta Santiago Ferrero/Reuters

As associações ambientalistas consideram que os incêndios que já devastaram 35 mil hectares nas ilhas Canárias vão ter impactos "incalculáveis" na vida selvagem, especialmente para as espécies endémicas.

O isolamento do arquipélago, a cem quilómetros da costa marroquina, faz dele um tesouro para os biólogos. Só a Gran Canaria alberga 50 por cento das espécies que apenas existem em Espanha.

"Qualquer coisa que destrua estas espécies pode ser absolutamente catastrófica", disse Peter Jones, biólogo conselheiro do Ministério do Ambiente espanhol.

"Estou especialmente preocupado com o tentilhão-azul [Fringilla teydea], que é extremamente raro, talvez restem apenas escassas centenas, e que está confinado às florestas de Tenerife", sublinhou.

Sérgio Armas, da Foresta (fundação para a reflorestação das Canárias), estima que o fogo possa ameaçar a sobrevivência de 30 espécies da flora e fauna selvagens da Gran Canaria. Armas salientou que arderam quatro mil hectares da reserva natural de Inagua, no centro da ilha.

"Podemos considerar estes incêndios como uma catástrofe ambiental. Estão entre os piores de sempre em Espanha", comentou Lourdes Hernandez, porta-voz para o Programa Florestas da WWF/Adena. "Em seis dias, as duas ilhas [Tenerife e Gran Canaria] perderam entre 20 e 25 por cento da sua floresta", acrescentou.

"O impacto sócio-económico será muito grande", salientou Joaquin Reina, porta-voz do programa Protecção da Natureza da associação Ecologistas em Acção. Tudo porque o arquipélago é muito turístico e "vive, sobretudo, da sua paisagem. Esta é a principal montra para atrair turistas". "Isto sem falar dos milhares de desalojados", disse. Reina prevê que a reflorestação demore anos, "décadas mesmo, segundo a capacidade de regeneração das espécies queimadas".

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