Real Massamá com manhã agitada por causa da transferência de Nani

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Nani começou a jogar com oito anos no Real Massamá Marcos Borga/Reuters

A transferência de Nani do Sporting para o Manchester United, por 25,5 milhões de euros, trouxe hoje para a ribalta o Real Massamá, clube de origem do avançado, que terá direito a cinco por cento da verba.

Não terá sido uma manhã comum nas instalações do clube de Massamá, face à presença de alguns jornalistas, à espera de reacções quanto à possibilidade do clube encaixar 1,3 milhões de euros com o negócio entre Sporting e Manchester United, de Inglaterra.

Uma transferência que não surpreendeu Francisco Janelas, director do Real, habituado a ver alguns jogadores da formação a partirem para clubes maiores e a mostrarem grandes qualidades, não só Nani, mas também Jorge Andrade (Corunha) ou Ricardo Vaz Té (Bolton). "Já admitíamos isto. Acreditámos sempre nele, o coordenador da formação, o professor João Pedro. Disse sempre que o Nani, apesar daquele estilo franzino, muito magrinho, tinha um nível de progressão muito grande", disse à Lusa Francisco Janelas.

O dirigente lembrou a chegada de Nani, com oito anos, e a sua saída para o Sporting, no primeiro ano de juniores, com o jogador já referenciado por Aurélio Pereira, responsável leonino a quem Francisco Janelas chama o "pai da formação em Portugal". "O potencial e a margem de progressão dele sentiu-se logo aos 11 anos de idade, quando reunimos com o Aurélio Pereira", acrescentou o dirigente, frisando que o Real tem muito possivelmente a terceira melhor formação de Portugal.

Uma situação, conjugada com a densidade populacional da zona, que leva centenas de pais a procurarem o clube e a tentarem vaga na formação para os filhos, mas a falta de recursos apenas permite que o Real possa ter 600 miúdos em actividade.

"Só em escolas temos 600 miúdos e outros tantos à espera de vaga para entrar. Poderíamos ter 1.000. E é nisso que estamos a trabalhar e vamos investir para que possamos ter mais miúdos", sublinhou o dirigente.

Transferências a troco de "umas bolas ou botas"

Francisco Janelas lembrou ainda o tempo em que as saídas de jogadores eram feitas "a troco de umas bolas ou botas" e que é o investimento na formação que obriga à existência de cláusulas e, de certo modo, à sobrevivência das escolas.


O dirigente reconheceu ainda que já são muitos os empresários que assistem aos jogos da formação, e não só de Portugal, mas também de Espanha ou Inglaterra, mercados cada vez mais interessados em acompanhar futebolistas jovens.

Além de Nani, o clube já "negociou" mais dois jogadores com os "leões", um deles, segundo Francisco Janelas, assinou agora contrato profissional com o Sporting (João Gonçalves) e um outro (Pedro Mendes) integra já a formação "leonina".

Uma questão definida para este director de um clube com um orçamento anual a rondar os 250 mil euros é que o Sporting cumprirá o acordo em relação a Nani e que o Real deverá apostar na formação, apesar de o seu presidente, José Libório, já ter afirmado pretender construir uma piscina e um pavilhão.

"Nem sempre o que se lê é verdade. A direcção não tomou qualquer posição e de uma coisa tenho a certeza, não é para fazer loucuras, é para ter uma gestão com muita cabeça e pés assentes no chão, e apostar na formação", concluiu Francisco Janelas.

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