Virgínia Tech: carta atribuída ao atirador critica "miúdos ricos"

Foto
Cho Seung-Hui estava a terminar uma Licenciatura em Inglês na Virginia Tech Reuters

Na manhã de segunda-feira, Cho Seung-Hui, 23 anos, entrou na Universidade de Virginia Tech, onde estava a terminar uma licenciatura em Inglês, vestido com um casaco de couro preto, um boné na cabeça e armado. Poucas horas depois, a polícia encontrou o seu corpo entre os de outras 32 pessoas. Matou-as a tiro, antes de se suicidar, sem que se conheça ainda o que o motivou. Uma carta encontrada agora poderá revelar algumas pistas.

Chegado da Coreia do Sul aos Estados Unidos em 1992, com oito anos, Seung-Hui tinha estatuto de estudante residente e vivia num quarto no dormitório de Harper Hall do campus da Virginia Tech. A sua família reside em Centreville, na Virgínia, e é proprietária de uma loja de limpeza a seco. Tem uma irmã licenciada na Universidade de Princeton.

Segundo um dos vizinhos da família Seung-Hui, ouvido pela edição online do "Chicago Tribune", o jovem "era muito sossegado e estava sempre sozinho", jogava basquetebol como os rapazes da sua idade, mas "não respondia se alguém o cumprimentava". Alguns dos alunos que viviam no mesmo dormitório que Seung-Hui consideraram-no igualmente pouco comunicativo. Um porta-voz da universidade, Larry Hincker, sublinhou que Seung-Hui "era um solitário" e que está a revelar-se difícil apurar mais informações sobre a sua personalidade.

Mas um dos elementos da equipa que investiga o ataque avançou ao jornal norte-americano que, nos últimos tempos, o jovem tinha-se tornado violento, manifestando arrogância, tendo mesmo incendiado um quarto do dormitório e alegadamente perseguido algumas mulheres. No passado dia 7, Seung-Hui foi apanhado a conduzir ao dobro da velocidade permitida por lei e deveria comparecer em tribunal no próximo dia 23 de Maio.

"Vocês forçaram-me a fazer isto"

Nas últimas horas, a polícia encontrou uma carta com várias páginas no quarto de Seung-Hui, que terá sido escrita pelo jovem. Na carta, citada pelo "Chicago Tribune", lêem-se críticas aos "miúdos ricos", à "libertinagem" e a "enganadores charlatães". Estas palavras poderão dar pistas à polícia sobre o que motivou o jovem sul-coreano, que numa das frases afirma: "Vocês forçaram-me a fazer isto".

Na Virginia Tech, estudantes e funcionários tentam perceber o que se terá passado. Chamam-lhe "monstro" e "anormal" e lamentam terem-se cruzado com o jovem sem anteverem o que se iria passar.

O primeiro ataque ocorreu às 07h15 (12h15 em Lisboa) de ontem, numa das residências do campus. Segundo as informações disponíveis, dois alunos foram mortos neste local.

A polícia foi chamada ao local, mas não terá conseguido localizar o agressor. Duas horas depois do primeiro alerta foram registados novos disparos, desta vez no Norris Hall, onde funciona o departamento de ciência e engenharia. As vítimas mortais, a maioria estudantes, foram encontradas em quatro salas de aula e nas escadarias do edifício.

Nos próximos dias não haverá aulas na Virginia Tech. Em substituição vão decorrer vigílias de homenagem às vítimas, estando previsto que hoje o Presidente George W. Bush e a sua mulher Laura se desloquem até à instituição para participarem nas iniciativas de luto pelos mortos.

Sugerir correcção
Comentar