Dot.com

"Dot.com" funciona como uma espécie de "Aldeia da Roupa Branca" da globalização, com uma produção limpinha e um aparente desejo de construir uma sátira social, uma fábula que intervenha num arremedo de modernidade. O problema é que a sátira exige uma complexidade que o argumento patético e redutor do filme não possui de todo. As personagens são caricaturas transparentes e ridículas: a comédia popular passa pelo amor das personagens e em "Dot.com" há um quase desprezo pelas fraquezas estereotipadas, dominando bonecos sem alma, que se agitam e esbracejam.

Por outro lado, qual pode ser o público-alvo desta comédia antiquada e insidiosamente reaccionária? Nofinal, ao rejeitarem a estrada que os liga ao mundo, a cupidez dos habitantes da aldeia resolve-se namanutenção do seu isolamento. Por trás destemovimento de aproximação ao "público", que seria louvável, fica a perplexidade de vermos um objectohíbrido e inoperante, talvez por que como os habitantes desta aldeia "exemplar", quer estar de bem com Deus e com o Diabo.

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