Revelations

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Pela sua própria génese, os discos de um grupo como os Audioslave são sempre um campo, não de lutas, mas de equilíbrios, de cedências.

De um lado o vocalista e letrista Chris Cornell, que traz dos extintos Soundgarden a dengosidade pan-demoníaca na forma de articular as suas desconfianças e inseguranças. Do outro, e após muitos anos como Rage Against The Machine, Tom Morello (guitarra), Tim Commerford (baixo) e Brad Wilk (bateria), trio habituado aos lados mais afunkalhados e politicamente comprometidos. "Revelations", o terceiro de originais, é terreno para cedências de ambos os lados, e para o surgimento de um novo rumo. Que passa por maiores carícias nas cordas do grande guitarrista que é Morello, por uma maior depuração nos efeitos mais pesadões e por uma maior abertura na paleta de harmonias. Em outras palavras, há aqui piscadelas de olho que vão para trás das habituais ledzeppelinadas do grunge. Há aqui um amor pelo cuidado e pela investigação histórico-musical que nos leva para caminhos pisados nos inícios do anos 70, como é o caso de "Original fire". Resultado: um disco de Audioslave que soa pouco aos anteriores, e ainda bem. Escaparam a um caminho que à terceira seria já redutor.

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