Gypsy Punks

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Como não adorar um disco assim? Capa amarelo-ovo, produção do sempre fiável Steve Albini, um grupo com um nome a um tempo tão provocador como intrigante (misturando locais de sexo fácil com grandes escritores russos), e, no que mais interessa, um punhadão de temas que não aparecem todos os dias.

A saber: punk feito com instrumentos acústicos e inspiração nos folclores do Leste da Europa e/ou cigano. Entre muitas outras, que aparecem mais sub-repticiamente, como o inevitável reggae. A cabeça (esperemos que) pensante no centro do furacão é um tal de Eugene Hutz, despachado da sua Kiev natal para Nova Iorque, onde comanda uma troupe de perigosos anarquistas nos espectáculos ao vivo. "Gypsy Punks" consegue reter parte dessa energia, e é uma boa descrição do disco, pois há tanto de uns como de outros. As palavras, numa mistura de patois eslavo e slang nova-iorquino e latino, estão para lá de hilariantes, e títulos como "Think locally fuck globally" dizem bem do manifesto de loucura vodkalizada e paranóia deslocalizada que riscam este CD. Um "melting pot" que os pais fundadores dos Estados Unidos nunca sonhariam, e que soa muito bem, até ao momento em que vomitarmos a aguardente de cereais.

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