Livro de estilo da BBC recomenda uso prudente do termo "terrorismo"

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A "utilização de linguagem no noticiário sobre terrorismo" foi discutida pelos governadores do operador público britânico de audiovisual após os atentados de Londres, a 7 de Julho, noticiou o jornal Guardian. As regras, que foram alvo de um processo de revisão em Setembro, "não proíbem" o uso da palavra "terrorista", mas apelam à ponderação na sua utilização pela BBC.

"Há formas de falar do horror e das consequências humanas de actos de terror sem usar a palavra "terrorista" para descrever os seus autores. E há uma série de importantes factores editoriais que devem ser considerados antes do seu uso para descrever indivíduos ou um determinado grupo."

A BBC assinala que o advento dos media digitais significa que não existe já separação entre audiências no interior e no exterior do país, o que torna ainda mais importante o cuidado a ter no uso de determinadas palavras.

"O uso criterioso da palavra "terrorista" é essencial se a BBC quer manter a sua reputação associada a padrões de rigor e, especialmente, imparcialidade", mas para o operador público essas cautelas não significam abandonar uma informação incisiva ou deixar de chamar a atenção para "a realidade e horror do que ocorreu". "Devemos considerar o impacto que o uso da linguagem pode ter na nossa reputação de jornalismo objectivo entre as nossas vastas audiências", evitando criar a ideia de que a estação faz "julgamentos de valor", consideram os governadores.

É igualmente recordada a ideia, presente na política editorial da BBC, de que a palavra "terrorista" pode se "mais uma barreira do que ajudar ao entendimento". "Devemos tentar evitar o termo sem o atribuirmos. Devemos deixar outras pessoas caracterizar ", indicam as normas agora adoptadas.

Para a BBC é também regra "não adoptar linguagem de outros" como se pertencesse à própria estação. Por isso, é considerado inapropriado o uso de expressões como "libertado", "tribunal marcial" ou "executado" nos casos em que não haja um verdadeiro processo judicial.

"Devemos mostrar a toda a nossa audiência as consequências do acto descrevendo o que aconteceu. Devemos usar palavras que descrevam especificamente o autor de actos de terror como "bombista", "atacante", "homem armado", "raptor", "revoltoso" e "militante"", refere o novo guia, que sugere o uso de expressões como "ataque à bomba" em vez de "bombista" ou "assassino".

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