Mais "malin" que "sauvage", o filme de Delepine e Kervern vive bastante duma auto-indulgência que, na maior parte das vezes, leva a melhor sobre a ferocidade (aparentemente prometida ou, pelo menos, prenunciada). De tempos em tempos há "gags" certeiros - o nosso preferido é o do velho a remoer recordações do Congo ("bwana, bwana", será Tintin com 90 anos?) - e nalgumas sequências o estilo passivoagressivo dos dois estropiados é irresistivelmente divertido (a guarida em casa duma família alemã). Aki Kaurismaki, "sombra" sobre o filme, mais pelo tipo de olhar sobre os "excluídos" do mundo moderno do que pelo tipo de humor, aparece no fim, em "homenagem" simplória e um tanto carnavalesca - mas quererem homenageá-lo prova que Delepine e Kervern não podem ser maus tipos. "Aaltra" é para espreitar, com as devidas cautelas.<p/>
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