Primeira longa-metragem de uma realizadora australiana, e crónica de errância (emocional, mais do que física) de uma adolescente depois de, num "salto mortal", fugir de casa da mãe. Cate Shortland aposta num registo de realismo cru, um tanto sujo e com poucos floreados - mas também sem chama nenhuma, nem aquilo a que se costuma chamar uma "ideia" (dá sempre a impressão de que é assim mas podia ser assado). A total ausência de "pathos" e o lado anódino da história da miúda podiam dar um filme interessante, mas falta a Shortland quer a medida da perspectiva certa quer a coragem para filmar o vazio. E assim enche o filme de personagens secundárias e respectivas historietas, amortecendo o confronto do espectador com essa espécie de monotonia fundamental (que a actriz, Abbie Cornish de seu nome, nem é desajeitada a exprimir). Fica mais agitado, sim, mas também mais parecido com centenas de outros filmes (e no fundo, esta é que é a questão).<p/>