King-Fu-Zão

Para se perceber o que é o kung-fu na era do digital: uma coisa parecida com um desenho animado. De resto, e é o mais curioso do filme de Chow, a lógica é a do "cartoon" da velha escola americana (há mesmo uma cena em que as personagens podiam ser o Coyote e o Roadrunner), mesmo que as consequências da violência não sejam exactamente as dos combates entre Tom & Jerry. Mas "Kung-Fu-Zão" é "pastiche" de "pastiche" de "pastiche", pressente-se um diálogo cada vez mais mastigado com o cinema americano (e em particular com o Tarantino de "Kill Bill"), e até há um plano em que Chow parece estar a dizer que quer estar para o kung-fu como Sergio Leone esteve para o western. Resulta bastante indigesto, sobretudo passado o efeito de surpresa. Notável é a desenvoltura digital que já se alcançou nestas paragens: a "bipolarização" promete acontecer também no cinema. Pela nossa parte, ansiamos por um "Star Wars" chinês, que há-de estar a caminho mais ano menos ano.<p/>

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