Sangue e Ouro

Negro e, no entanto, burlesco (há algo de Laurel & Hardy no par de vigaristas deste filme), "Sangue e Ouro" é uma claustrofóbica visão de um Irão contemporâneo. A cidade é o cenário, por excelência, do cinema de Jafar Panahi, e, como no anterior filme, "O Círculo", surge aqui como espaço de voragem existencial, de esmagamento do individual (e como em "O Círculo", a sua estrutura é circular, porque é esse o movimento da inevitabilidade).

Há algo no Irão urbano de Panahi que esbatea sua especificidade iraniana e o torna próximo, reconhecível da nossa experiência - e, assim, "corrige" a nossa imagem, enquanto espectadores, do que é o Irão. Ou seja, "Sangue e Ouro" faz-nos ver de outro modo (e o cinema não é outra coisa). Esmagador desde o primeiro plano.

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