Maior sala de espectáculos dos Açores reabre hoje como nova

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Na gala de reabertura serão recriados os primeiros anos do século XX e alguns excertos de musicais DR

O Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada, a maior sala de espectáculos dos Açores, reabre hoje após 16 meses de obras de recuperação e de um investimento de seis milhões de euros que visaram devolver ao edifício o seu aspecto original. A reabertura da sala será feita através de uma gala que promete a reconstituição da inauguração inicial do Coliseu, em 1917.

Apesar de os trabalhos de montagem da plateia ainda estarem a ser ultimados, o resultado final está "fiel ao original", diz Berta Cabral, presidente da Câmara de Ponta Delgada. "Foram implementadas novas tecnologias e funcionalidades mais modernas, sem alterar a estrutura arquitectónica" do edifício, sublinha a autarca, que preside também à actual sociedade gestora do Coliseu.

Com a construção de novas estruturas sobretudo ao nível da plateia e do balcão, e também de 16 camarins com capacidade para 120 pessoas, o espaço está agora preparado para receber todo o tipo de eventos. O "novo" Coliseu, com capacidade para 1500 pessoas, possui ainda armazéns, sala de ensaios, posto médico, bar e gabinetes para a administração.

A autarquia pretende agora "integrar o Coliseu Micaelense na rede de espectáculos dos coliseus de Lisboa e Porto", diz Berta Cabral. A vontade da população e o facto de o Coliseu ser "uma peça de valor histórico inestimável para a vida cultural de Ponta Delgada" foram, de acordo com a autarca, os principais motivos para a sua reabilitação.

Abranger vários públicos

Edifício emblemático da maior cidade açoriana, a sala foi inaugurada a 10 de Maio de 1917 com o nome de Coliseu Avenida/Teatro Circo, por situar-se numa avenida recém construída. António Ayala Sanches foi o arquitecto que projectou esta réplica de menor dimensão do Coliseu dos Recreios de Lisboa, este com capacidade para três mil pessoas. Adquirido por privados em 1950, sofreu nessa altura uma grande remodelação e adoptou o nome que mantém até hoje: Coliseu Micaelense.

No entanto, com os anos, a sala foi-se degradando. "Em 1984 deixou de ter exibições de cinema e os tradicionais bailes de Carnaval de Ponta Delgada tiveram que acabar nos anos 90, porque já não apresentava as condições de segurança necessárias", diz o seu director artístico, José Andrade. Só em 2002, aquando da aquisição de 94 por cento das acções da sociedade gestora do Coliseu pela câmara, houve condições para devolver à sala o protagonismo de outros tempos.

Na gala de reabertura serão recriados os primeiros anos do século XX e alguns excertos de musicais, casos de "Cats", "O Fantasma da Ópera", "Cabaret" ou "Evita", numa cerimónia a que assistirão Mota Amaral, presidente da Assembleia da República, Carlos César, presidente do Governo Regional, Laborinho Lúcio, ministro da República para os Açores, e Fernando Meneses, presidente da Assembleia Legislativa Regional. Para marcar a inauguração "será também descerrada uma peça escultórica da autoria do arquitecto que projectou a recuperação, Rogério Cavaca", acrescenta José Andrade.

Em Fevereiro serão retomados os bailes de Carnaval e a entrada na rota dos espectáculos de grande produção começa em Março com uma "Bela Adormecida" pelo Ballet Clássico de Moscovo.

A estratégia está definida: "Oferecer programação variada, com espectáculos regionais e internacionais, de forma a abranger vários públicos e publicitar as novas potencialidades do Coliseu", destaca o director.

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