Cavaco pede a políticos competentes que afastem incompetentes

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Cavaco Silva diz que é chegado o momento de difundir na sociedade portuguesa um grito de alarme Francisco F. Neves/Lusa

O ex-primeiro-ministro Cavaco Silva alerta para a falta de qualidade da actividade política em Portugal e apela aos "políticos competentes" para afastarem os "incompetentes" a fim de evitar uma crise, em artigo publicado hoje no "Expresso".

O ex-primeiro-ministro do PSD considera que existe "uma certa degradação da qualidade dos agentes políticos em Portugal, da sua credibilidade, competência e capacidade para conduzir os destinos do país", o que tem vindo a contribuir para "o afastamento crescente das elites profissionais, dos quadros técnicos qualificados da vida político-partidária activa".

Aníbal Cavaco Silva afirma que o motivo mais forte para o afastamento das elites é a ideia de que nos dias de hoje "o mercado político-partidário não é concorrencial e transparente, de que existem barreiras à entrada de novos actores, de que não são os melhores que vencem porque os aparelhos instalados e os oportunistas demagógicos não olham a meios para garantir a sua sobrevivência nas esferas do poder".

Cavaco Silva diz que está a aplicar-se à vida política a lei económica de Gresham, segundo a qual "a má moeda expulsa a boa moeda" ou, neste caso, "os agentes políticos incompetentes afastam os competentes".

Isto resulta em "menos desenvolvimento e modernização do país, mais injustiças sociais e maior desencanto dos cidadãos em relação à democracia", continua o ex-líder do PSD, salientando que Portugal tem vindo a afastar-se, desde 2001, do nível de desenvolvimento de Espanha e da média da Europa dos Quinze.

Face aos sinais, que considera "preocupantes", Cavaco Silva diz que "é chegado o momento de difundir na sociedade portuguesa um grito de alarme sobre as consequências da tendência de degradação da qualidade dos agentes políticos".

"Cabe às elites profissionais contribuírem para afastar da vida partidária portuguesa a sugestão da lei de Gersham, isto é, contribuírem para que os políticos competentes possam afastar os incompetentes", diz Cavaco.

Caso contrário, o ex-primeiro-ministro prevê que "é provável que a situação continue a degradar-se e só se inverta quando se tornar claro que o país se aproxima de uma crise grave".

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