A escritora Agustina Bessa-Luís recebeu hoje o Prémio Camões 2004, que distingue autores de língua portuguesa. A distinção foi entregue pelo ministro da Cultura brasileiro, Gilberto Gil, apesar deste ter confessado nunca ter lido qualquer obra da autora.

"Por acaso, pessoalmente nunca li a grande escritora portuguesa, mas espero que esta seja a oportunidade de ter acesso à sua obra", afirmou Gilberto Gil aos jornalistas, pouco antes da cerimónia de entrega do galardão, presidida pelo primeiro-ministro, Santana Lopes.

O Prémio Camões, no valor de cem mil euros, foi instituído em 1989 pelos Governos de Portugal e do Brasil e visa distinguir, anualmente, um escritor cuja obra tenha contribuído para o enriquecimento dos patrimónios cultural e literário em português.

"Não podia ser mais adequado para uma pessoa como eu, criada na memória do Brasil, mas nascida em Portugal", afirmou Agustina Bessa-Luís ao receber o prémio, lembrando que o seu pai viveu durante 25 anos no Rio de Janeiro.

A escritora de 81 anos, com mais de 50 livros publicados, referiu que o maior significado desta distinção "é ser uma honra prestada por dois países que partilham a mesma língua". "É também uma alegria pessoal ser reconhecida num mundo mais vasto, não direi com mais leitores mas pelo menos com mais conhecedores do nome da escritora", afirmou Agustina Bessa-Luís, na Fundação da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, onde decorreu a cerimónia.

Miguel Torga, Jorge Amado, Pepetela ou José Saramago são alguns dos escritores que já foram galardoados com o Prémio Camões.

A ministra da Cultura portuguesa, Maria João Bustorff, sublinhou que com esta atribuição do Prémio Camões a Agustina Bessa-Luís "é toda a comunidade das letras lusófona" que saúda a escritora. "Ao poder político, português e brasileiro, impõe-se que fortaleça as condições para fazer do português uma língua global, promova o seu ensino no exterior e o seu uso nas instituições internacionais", sublinhou a ministra.

Antes de receber esta distinção no Rio, Agustina Bessa-Luís esteve em Fortaleza, onde foi a principal homenageada da Bienal Internacional do Livro do Ceará, uma das principais do Brasil.