Filme mítico

Trata-se de um filme mítico, obra única de uma realizadora que ficou, injustamente, na história do cinema, sobretudo como a mulher de Elia Kazan. De facto, se Barbara Loden foi actriz secundária de filmes do marido como "Quando o Rio se Enfurece" (1960) ou "Esplendor na Relva" (1961), deveria ser recordada por este filme seco e experimental sobre uma mulher de mineiro, abandonada e transgressora.

Rodado em inícios da década de 70, com um grão que lhe conferia o estilo de filme artesanal, a antecipar muitas das experiências do cinema independente por vir, "Wanda" mantém vivo o seu projecto de "cinema-verdade", a partir de uma leitura distanciada do "film noir", com uma força que resiste à usura do tempo. Não será a obra-prima que a crítica europeia da época quis ver, mas merece uma revisão atenta, em diálogo com universos com os quais traça tangentes, nomeadamente o de John Cassavetes.

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