Prémio Gulbenkian de Literatura distingue autores para crianças e jovens

O Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para crianças e jovens foi hoje atribuído a António Mota (texto) e André Letria (ilustração), autores de "Se eu fosse muito magrinho", e Jorge Araújo, por "Comandante Hussi".

Os dois vencedores na modalidade livro ilustrado vão dividir um prémio de dez mil euros, enquanto que Jorge Araújo receberá os cinco mil euros dedicados ao premiado na categoria texto literário.

Ao todo concorreram 173 obras a este galardão.

O autor de "Se eu fosse muito magrinho", António Mota, 47 anos, explicou que a obra, editada pela Gailivro e ilustrada por André Letria, surgiu pelo desafio de escrever para crianças dos cinco aos oito anos.

"Cheguei à conclusão de que em Portugal havia muitos poucos livros para crianças entre os cinco e os oito anos e então resolvi escrever a colecção 'se eu fosse muito'", contou, explicando que estes quatro livros (dois já publicados) tentam despertar sensações e apelar à imaginação.

"São frases pequenas, como se eu fosse muito magrinho podia passear com cem amigos da minha idade sentados no banco traseiro do carro da minha mãe, mas foi dos livros que mais trabalho me deu", continuou, acrescentando que o trabalho do ilustrador André Letria ajudou a completar a ideia.

Professor do ensino básico, António Mota conta já com mais de meia centena de livros publicados, a maioria romances para jovens, tendo-se estreado na literatura em 1979, com "A aldeia das Flores".

Esta é a segunda vez que o autor recebe um Grande Prémio Gulbenkian para crianças, depois de, em 1990, ter sido distinguido pelo livro "Pedro Alecrim".

Na categoria texto ilustrado foi distinguida a primeira obra de ficção publicada do jornalista Jorge Araújo, 45 anos, editada pela Livros Quetzal e ilustrada por Pedro Sousa Pereira.

O autor explicou que "Comandante Hussi" nasceu na sequência de uma reportagem que Jorge Araújo fez quando esteve na Guiné-Bissau em 1999, aquando o Golpe de Estado naquele país.

Na altura, o jornalista deu a conhecer a guerra pelos olhos de um rapaz guineense, o Hussi, actualmente com 16 anos. Acabaria por ser Pedro Sousa Pereira a redescobrir a reportagem um ano depois, a fotocopiá-la para a sua filha ler e, depois, a incentivar Jorge Araújo a passar o texto para o registo da ficção. "Este é um livro que deve ser lido pelos adultos e que também pode ser lido por crianças", disse.

Os nove membros do júri do Prémio deliberaram ainda, por unanimidade, propor uma referência especial à autora Natércia Rocha pela dedicação de uma vida à Literatura para a Infância e a Juventude.

A cerimónia de entrega do galardão terá lugar a 6 de Outubro, durante a sessão inaugural do XVI Encontro de Literatura para Crianças que a Fundação Calouste Gulbenkian vai organizar em Lisboa.

Sugerir correcção
Comentar