LPN: Portugal é um dos países mais susceptíveis à desertificação

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A desertificação afecta grande parte do interior do país António Carrapato/PÚBLICO

A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) avisa que Portugal é um dos países "mais susceptíveis à desertificação", um alerta lançado no Dia Mundial de Combate à Desertificação.

Portugal é um dos países "mais susceptíveis à desertificação, em resultado das condições climáticas, geológicas e do tipo de cobertura vegetal, mas também em resultado do modelo de ordenamento do território".

Para a organização ambientalista, os principais factores de degradação do solo em Portugal "são resultantes da destruição dos melhores solos agrícolas para a construção", a degradação química, a degradação física, por uso indevido, e a erosão, em especial a hídrica.

A LPN critica em comunicado o Governo português, porque este "tem um papel fundamental na alteração de sistemas agrícolas e florestais totalmente inadequados para o país, como vem demonstrando a catástrofe dos incêndios florestais, e deve assumir o papel de promotor de uma floresta de conservação e de uma agricultura mais amiga do ambiente".

A organização recorda que cerca de 68 por cento do território português "possui alto risco de erosão" e defende, por isso, que deve ser dada "particular atenção às acções de reflorestação e reabilitação em áreas susceptíveis à desertificação e à seca afectadas por incêndios".

A LPN indica ainda na nota que a Acção Nacional de Combate à Desertificação "permanece até hoje largamente inoperacional", "quer do ponto de vista da aplicação das medidas, quer da participação activa das populações na sua implementação".

A Directiva para a Defesa do Solo, que se encontra em preparação na Comissão Europeia, colocará Portugal "mais uma vez na posição de vir a ser obrigado supranacionalmente a implementar medidas de conservação dos solos, comprovada a inércia dos instrumentos nacionais existentes", avisa a LPN.

A nível mundial, a desertificação afecta cerca de um sexto da população e abrange cerca de 70 por cento das terras secas, totalizando mais de 3,6 milhões de hactares.

Hoje, por ocasião da efeméride, comemora-se o 10º aniversário da Convenção de Combate à Desertificação com um seminário sobre o tema "Portugal: um território objecto de medidas estruturantes no combate à desertificação". Nos debates participam o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, Campos Correia; Helena Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia; Jorge Gaspar, do Centro de Estudos de Geografia da Universidade de Lisboa; e Victor Louro, que irá apresentar os resultados da Aplicação do Programa de Acção Nacional de Combate à Desertificação. O seminário tem lugar no auditório do INIAP, em Algés, e a entrada é livre.

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