Quinta travessia sobre o rio Minho entra hoje em funcionamento

A partir de hoje há uma nova ponte de ligação à Galiza, a quinta travessia construida sobre o rio Minho. A nova ponte internacional, que liga as localidades de Vila Nova de Cerveira e Goián, no concelho de Tomiño, vai estar aberta à circulação de tráfego e de peões a partir do meio-dia, mas do lado português está ainda por construir uma via de acesso directo à Estrada Nacional (EN13).

A ausência desta obra, da competência do Instituto de Estradas de Portugal (IEP), deixa a designada "Ponte da Amizade" amputada ao nível dos seus acessos complementares, embora a sua execução não estivesse contemplada no convénio celebrado entre Portugal e Espanha em 19 de Novembro de 1997 para a construção da travessia.

O acordo previa apenas que os respectivos projectos seriam da inteira responsabilidade das administrações dos dois países, sendo que, do lado espanhol, a Junta da Galiza cumpriu já a sua parte ao investir cerca 1,6 milhões de euros na construção de uma ampla estrada em linha recta a partir da C-550, que liga Tui a A Guarda, para funcionar como prolongamento do novo tabuleiro rodoviário. Na margem portuguesa os acessos existentes foram melhorados, mas a ligação à EN13 fica pendente, pelo menos, até 2005.

Para aceder à travessia por Portugal os automobilistas terão de percorrer um circuito formado por diversas vias secundárias pelo interior da Vila Nova de Cerveira, enquanto que pela margem espanhola, terão apenas de seguir pela estrada principal C-550 Tui/A Guarda e colher o novo ramal de acesso criado a partir de uma rotunda em Goián para ali chegar. O braço de estrada com cerca de 1,5 quilómetros de extensão compreende duas faixas de rodagem, ladeadas por largos passeios dotados de bancos, papeleiras e iluminação, concebendo uma espécie de prolongamento do tabuleiro da ponte Cerveira/Goián. Do lado português o IEP programou a obra que lhe compete em duas fases, sendo que a primeira já foi concretizada através de um investimento de cerca de 1, 5 milhões de euros na construção de uma rotunda em frente à nova estrutura, de uma estrada marginal de acesso à zona do INATEL e à praia fluvial da Lenta e no melhoramento da rede viária circundante. Para mais tarde, provavelmente para o ano 2005 segundo afirmou ao PÚBLICO José Manuel Carpinteira, presidente da Câmara de Cerveira, fica a execução da segunda fase, que implicará um investimento de outros 1, 5 milhões para estabelecer uma ligação directa à EN13 a partir da rotunda agora construída, através de uma passagem superior. O IEP tem já aprovado o estudo prévio, mas restam ainda os estudos relativos à execução e o lançamento do concurso público para a obra.

"Ferry-boat" atenuou falta de ligação

Independentemente de estar incompleta em termos de acessos, a nova travessia sobre o Minho abre ao tráfego quase duas décadas depois de ter sido idealizada. Os primeiros estudos do projecto começaram em 1989, apesar de há muito as populações dos dois lados da fronteira ansiarem pela sua concretização. A necessidade de uma ligação entre as duas localidades ribeirinhas ao Minho foi, entretanto, apaziguada com a entrada em funcionamento do "ferry-boat" que ainda hoje serve as duas margens.

Em 1994, os governos de Portugal e de Espanha decidiram, durante uma das cimeiras luso-espanholas, avançar com o processo, mas só em 1997 é que o compromisso de construção da ponte viria finalmente a ser assumido. O acordo então estabelecido previa que ao Governo português competia a elaboração do projecto, adjudicação, execução e direcção das obras, sendo os gastos suportados por ambos os países em partes iguais, e que cada Governo iria projectar e constituir, por sua conta, os acessos à ponte situados no respectivo território. A inserção paisagística e arquitectónica da estrutura foi afectada face ao aparecimento de vestígios de natureza arqueológica, nomeadamente, do lado português, nas proximidades do forte de Lovelhe, e em Goyan, na Galiza. A sua construção foi iniciada em Junho de 2002.

A obra, executada pela Construtora do Tâmega, S.A., representa um investimento global superior a 7, 5 milhões de euros, financiado em partes iguais pelas administrações portuguesa e espanhola (através do IEP e da Junta da Galiza). O empreendimento com 430 metros de extensão foi construído em betão armado pré-esforçado, o seu tabuleiro, com cinco partes, assenta em quatro pilares. A nova via compreende duas faixas de rodagem, que totalizam uma largura de sete metros, e passeios onde foram instalados 73 bancos de granito, de forma a incentivar o uso da ponte para passeios pedestres e para o convívio entre as comunidades portuguesa e espanhola.

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