É curioso, e não deixa de fazer sentido, que alguma crítica americana tenha evocado, a propósito de "A Paixão de Cristo", uma reacção semelhante a "Irreversível", de Gaspar Noè: há, em ambos, uma violência pela violência, pretensamente auto-justificadora. O Cristo de Scorsese em "A Última Tentação..." era mais carnal do que esta representação em carne viva de Gibson, tenebrista e regressiva (feita do lado do medo, do terror, como na Contra-Reforma) e frequentemente obscena no seu sadismo. E é no mínimo duvidosa a forma como Mel Gibson coloca elementos de fantástico ao seu serviço. O primeiro Cristo pós-"Exorcista", portanto. Um "blockbuster", pois.
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