O primeiro-ministro inaugura hoje a segunda ponte de Entre-os-Rios e um lanço do IC35, parte das acessibilidades prometidas à região depois da queda da Ponte Hintze Ribeiro, em Março de 2001, de que resultou a morte de 59 pessoas.

As obras custaram ao Estado 36 milhões de euros e serão apresentadas como um símbolo da aposta do Governo no interior do país.

O primeiro-ministro, Durão Barroso, destacará os custos do investimento e o facto de a construção ter sido concluída um ano e meio depois de ter sido iniciada.

Mas a celeridade com que decorrem as obras rodoviárias prometidas à região depois da tragédia não satisfaz os familiares das vítimas da queda da Ponte Hintze Ribeiro, que criticam a "lentidão" da Justiça no processo de responsabilização criminal pelo desastre.

"Tratando-se de um processo judicial respeitante a 59 mortes, é inadmissível que se demore tanto tempo para chegar à fase instrutória", lamentou o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas da Tragédia de Entre-os-Rios, Horário Moreira.

Só a 18 de Março, três anos e 12 dias após o colapso da ponte, decorrerá o debate instrutório para determinar quantos dos 29 arguidos irão a julgamento, frisou o presidente da associação.

No processo estão constituídos arguidos cinco técnicos da ex-Junta Autónoma das Estradas, o responsável de uma empresa de projectos, o antigo presidente do Instituto de Navegabilidade do Douro e 22 areeiros.

Ontem, o "Jornal de Notícias" divulgou o relatório pericial sobre as causas da queda da ponte solicitado pelo Tribunal de Castelo de Paiva, que indica que a extracção de areias foi a causa principal do acidente e que já em 1998 o pilar da travessia "não apresentava condições de segurança".

A ponte que hoje vai ser inaugurada é a segunda que se constrói sobre o Douro em Entre-os-Rios. Em Maio de 2002 foi já inaugurada outra travessia sobre o rio, uma réplica da que caiu a 4 de Março de 2001.