Variação rarefeita sobre "Breve Encontro", de David Lean, o segundo filme de Sofia Coppola vai construindo com a máxima sabedoria, e a beleza das coisas simples, um discurso sobre a perda e o isolamento, ao mesmo tempo que analisa os sinais mínimos do cansaço e da incomunicabilidade. A inscrição num mundo à parte - o Japão como marca do outro, irredutível a uma "tradução" de circunstância -, o filme transporta essa irredutibilidade para as figuras dos americanos perdidos na sua própria fraqueza, a de se sentirem mais humanos e mais ausentes, sem rede e sem possibilidade de amar. Minimalista história de amor, sem remédio nem saída, atinge na meia hora final as portas do sublime, com a renúncia a colocar-se paredes meias com a exposição do ser. E a personagem de Bill Murray, prodigioso acerto de "casting", concilia a falha "clownesca" do desenraizamento absoluto com a capacidade de interiorizar a perda e a sobrevivência. Uma obra-prima indispensável.
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