Do México chega uma primeira obra que tem dado nas vistas mas perante a qual parece que só duas posições são possíveis: ou se aclama ou se repele. Por aqui, repele-se. "Japon" é um pequeno monumento de pose e pretensão, que bem podia passar por compêndio caricatural de uns quantos esteréotipos associados ao "cinema de autor" (não americano, bem entendido) - da aridez narrativa (um homem deambula em busca de um sítio calmo para se suicidar em paz) aberta a "metáforas" e "interpretações" à dureza dos planos e do tempo (Reygadas parece mais um a quem o cinema de Béla Tarr fez mal), passando pela ocasional demonstração do virtuosismo de câmara (o travelling, de facto impressionante, sobre os carris, no fim), e sem esquecer um título que convoca, "va savoir", o Japão para o interior rural mexicano (consta que numa entrevista Reygadas admitiu que o título era "aleatório"). Sem ofensa (burgueses somos todos), parece coisa para "épater les bourgeois", e pode ser extremamente irritante.
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