Duelo de celebridades

Não é ideia original, bem antes pelo contrário: ao longo dos anos 30, 40, 50, a série B (ou Z) americana não se cansou de inventar filmes em que heróis e vilões de proveniências várias eram postos em confronto directo. O que dava coisas com títulos surrealistas, do género "Tarzan contra Frankenstein" ou "Sherlock Holmes contra Drácula", e por aí fora.

Nem sequer há, portanto, o benefício da originalidade neste "celebrity deathmatch" proposto pelo filme de Ronny Yu. O Freddy e o Jason do título são essas duas lendas mortas-vivas, Freddy Krueger e Jason Voorhees, que andam há anos a dar de comer a muita gente através de duas celebérrimas séries, "Pesadelo em Elm Street" e "Sexta-Feira 13". Só falta o Michael Myers do "Halloween", mas segundo consta já estão a tratar disso, não sendo de estranhar que qualquer dia apareça uma sequela chamada "Freddy vs Jason vs Michael" ou coisa que o valha.

Uma certeza: a sequela não será pior do que o produto original. "Freddy vs Jason" é uma metódica aplicação das regras do "teen horror movie", precisamente aquelas regras decompostas pelos "Screams" de Wes Craven, filmadas no tom seríssimo de quem julga que está mesmo a meter medo a alguém. Cliché atrás de cliché, "Freddy vs Jason" vive das suas personagens de adolescentes estereotipadas e de um punhado de efeitos de montagem (vulgo grandes planos de sopetão ou estalidos na banda sonora), tudo na maior previsibilidade e na mais gritante falta de imaginação. Acaba por ser, aliás, irrelevante se as "guest stars" são Freddy e Jason ou outros quaisquer - carantonha por carantonha, vai tudo dar ao mesmo.

O clímax, o tão ansiado confronto entre os dois "heróis", é um prodígio de falta de graça, resolvido ao murro como no mais banal filme de pancadaria, temperado por umas graçolas ditas por Freddy Krueger, a exibir uma faceta de "stand up comedian" falhado (Jason, ao menos, entra mudo e sai calado). O último plano cheira a sequela por todos os poros. E pronto.

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