Díspare

Ang Lee continua a funcionar como interessante gestor de materiais díspares, que à partida ninguém o imaginaria capaz de gerir. Gerir é porventura um termo mal escolhido, porque pressupõe um certo cariz pejorativo: ora "Hulk" consegue o pequeno milagre de dar vida nova a um clássico dos "comics", muito codificado e de restrita amplitude.

O que o realizador faz é reaproximá-lo dos monstros da Universal e conferir-lhe uma espessura mítica, que não parecia discernível no original. Ao contrário de "O Homem Aranha" (também um apreciável esforço para vivificar o mundo dos quadradinhos), não há cedências de ritmo para consumo rápido. Há, pelo contrário, um lado negro, profundo, lentamente ponderado que transforma as aventura do super-herói num pequeno grande pesadelo.

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