Não, nunca ficamos a saber porque é que Morvern Callar corta o namorado em pedaços e não diz a ninguém que ele morreu... Também não é preciso: percebe-se que ela é um "alien" (e não se imagina outra actriz senão Samantha Morton, "alien" de outros filmes, no papel), que tem de seguir em frente, de sair do sufoco e da vidinha da "low class" britânica com que o realismo britânico já nos familiarizou. Disse-se realismo britânico? É o fantasma que parece assombrar o filme, como se Lynne Ramsay partisse do princípio de que basta deixar à mostra os vazios da narrativa, fazer um jogo de cintura estilístico e convocar o "gore" para evitar o cliché. Ora, é exactamente o contrário.... Duas recomendações: evitar o sul de Espanha (colónia britânica, pelo que se vê no filme) e escolher outra viagem.