Museus de luto contra a destruição do património iraquiano

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Centenas de peças iraquianas de um valor arqueológico incalculável foram já recuperadas Behrouz Mehri/AFP

No Dia Internacional dos Museus, que hoje se assinala, os museus de todo o mundo estão de luto pela destruição do património histórico do Iraque. Portugal aderiu a este protesto.

Um manifesto contra a destruição do património histórico do Iraque, saqueado durante a intervenção militar norte-americana, estava hoje exposto no átrio do Museu Nacional dos Coches para recolha de assinaturas, num dia comemorativo que este ano tem como tema "Os amigos dos museus".

O documento já circula há algum tempo no site do Museu Nacional de Arqueologia e desde o início de Maio recebeu centenas de assinaturas.

Os signatários, na qualidade de profissionais dos museus, convidam todas as pessoas a fazer do dia 18 de Maio uma jornada de reflexão e protesto, subscrevendo um manifesto de repúdio e promovendo acções e actos simbólicos contra a "trágica situação".

Segundo a directora do Museu Nacional dos Coches, Silvana Bessone, o manifesto é uma iniciativa do Conselho Internacional dos Museus (organismo da UNESCO) que em Portugal está acompanhada pela Associação Portuguesa de Museologia e os directores dos museus.

Cada país, explicou Silvana Bessone, tem o seu texto e as assinaturas recolhidas serão depois enviadas para a Unesco.

Durante a recente guerra no Iraque, o Museu Nacional de Bagdad sofreu a pilhagem de mais de 170 mil peças.

Os saqueadores roubaram peças em ouro, marfim, prata, cobre, pedaços de tapeçarias, cerâmicas e esculturas em pedra, um conjunto de vestígios de culturas que correspondem à antiga Mesopotâmia, berço das civilizações Assíria, Suméria, Babilónia e Acádia.

Desapareceram também as placas de pedra onde foram gravadas as primeiras palavras de que há registo, impressas em escrita cuneiforme, há mais de cinco mil anos.

Após as pilhagens, Washington solicitou de imediato a intervenção da Interpol, organização que congrega polícias de 181 países.

Cerca de 39.400 manuscritos e centenas de objectos de arte roubados nas pilhagens foram já recuperados pelos serviços alfandegários norte-americanos e pelas forças militares.

O roubo e exportação ilícita de objectos de arte constituem infracções às disposições da Convenção de Haia de 1954 para a protecção do património cultural em caso de conflito armado, assim como de uma convenção da UNESCO de 1970 sobre o comércio de bens culturais.

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