Começou o reforço das dunas na Costa da Caparica

Foto
O cordão dunar ficou danificado pelo mar Pedro Cunha/PÚBLICO

"O mar está a ir buscar o que é dele. As pessoas é que não querem crer", comentava ontem um dos trabalhadores que procedia aos trabalhos de reforço da duna que protege os parques de campismo do mar na Costa da Caparica.

Depois de, na madrugada de segunda-feira, o mar ter destruído parte do cordão dunar na zona norte da Costa da Caparica, o Instituto da Água (Inag) iniciou ontem a colocação de pedra na base da duna que protege os parques de campismo do Inatel e do Clube de Campismo de Lisboa (CCL). Não existe uma data concreta para a conclusão dos trabalhos.

A investida do mar de segunda-feira danificou parte significativa da duna. Junto ao parque do CCL há um risco muito provável de rompimento da duna, depois do avanço do mar ter levado mais alguns metros de areia.

Responsáveis do parque e campistas ficaram em estado de alerta. "Sinceramente, pensávamos que seria muito pior. A água ainda passou a duna, mas não chegou ao parque", conta o director do CCL, Aldemiro Branco.

"Não foi necessário evacuar ninguém. Avisámos as pessoas que não era seguro aproximarem-se do local e, como todas respeitaram isso, não houve problemas".

Em Outubro terá início uma intervenção de fundo no local, que implicará a reparação de sete esporões na Costa da Caparica e três na Cova do Vapor. Com esta obra, que deverá estar concluída um ano depois, "os problemas serão minimizados", acredita João Costa, do Inag.

De acordo com este responsável e com o vereador da Protecção Civil da Câmara de Almada, Henrique Carreiras, a intervenção não implicará a mudança de local dos parques de campismo. "O CCL sairá para o Pinhal do Inglês no âmbito do [programa de reabilitação urbana] Polis, mas nada tem a ver com esta situação. É algo que já estava previsto", adianta o autarca.

Há dois anos que os frequentadores das praias de São João, do Inatel e Clube de Campismo de Lisboa vêem desaparecer progressivamente metros de areal, que cedem à força do mar. "Isto dava para fazer aqui dois campos de futebol", lembra Teresa Miguel, moradora na Trafaria e frequentadora das praias. Mário Fonseca é campista no CCL há 30 anos e recorda que, de ano para ano, as praias da zona norte da Costa da Caparica "estão a desaparecer".

"A duna já teve chorões e caniços que a tornava mais resistente, mas como as pessoas vão passando por aqui e fazendo caminhos vai tudo desaparecendo e a duna fica mais frágil. O que aconteceu agora já se estava mesmo a ver, mas ninguém fazia nada", queixa-se.

Sugerir correcção
Comentar