Oposição diz que Cimeira das Lajes foi declaração de guerra

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A oposição critica a decisão de envolvimento de Portugal numa declaração de guerra vista como um ultimato às Nações Unidas Sergio Barrenchea/AP

A oposição parlamentar considerou que cimeira sobre o Iraque, que decorreu hoje na Base das Lajes, Açores, foi uma "declaração de guerra" dos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha, a que se juntou Portugal, colocando os portugueses numa posição para a qual não foram consultados.

Para Ferro Rodrigues, que convocou de emergência uma reunião do Secretariado Nacional do PS, destinada a acompanhar os resultados da Cimeira das Lajes, se forem tidas em conta "as declarações que o primeiro-ministro, Durão Barroso, fez há menos de 48 horas", pode-se concluir que "ou desconhecia o que se ia passar na cimeira, ou não quis dizer aos portugueses quais os seus objectivos".

O secretário-geral do PS acusa Durão Barroso e o Governo de "envolver Portugal, de forma desproporcionada e contraproducente, numa escalada de violência, que traduz uma má solução para uma problema que a comunidade internacional tem procurado resolver com sucesso, mas também com insucessos". O líder socialista sustenta também que o "Governo português está a envolver o país numa guerra da qual os portugueses discordam" e que "a paz nada ganhou com esta cimeira realizada em solo português".

Também o secretário-geral do PCP considera que a reunião entre o Presidente norte-americano, George W. Bush, e os primeiros-ministros portuguêsm espanhol, José Maria Aznar, e britânico, Tony Blair, foi uma "declaração de guerra" ao Iraque, "uma fantochada" feita por "três falcões e o seu ajudante-mor".

Para amanhã, Carlos Carvalhas prevê "um acto de hipocrisia", porque os Estados Unidos já decidiram que uma guerra preventiva unilateral contra o Iraque, mesmo sem o aval das Nações Unidas.

O comunista lamentou o envolvimento de Portugal numa guerra que "irá destruir um país e matar milhares de cidadãos inocentes, entre os quais muitas crianças". Nesse sentido, carvalhas apela "a todos os portugueses para que continuem a levantar a sua voz contra esta guerra".

A posição do Bloco de Esquerda é semelhante à do PS e PCP. Francisco Louçã sustentou que esta tarde foi feita "uma preparação para a guerra" contra o Iraque, que "teve a assinatura dos três chefes da guerra", e um "ultimato às Nações Unidas, que é ilegal e que prenuncia uma nova ordem internacional que passará a ser feita por coligações guerreiras".

"O primeiro-ministro que vendeu armas ao Iraque descobriu agora que o regime de Saddam é uma ditadura que é preciso desarmar", continuou o bloquista, que participou na única manifestação contra a guerra decorrida hoje nas Lajes.

Mais uma vez, o Bloco de Esquerda pede a presença imediata de Durão Barroso no Parlamento, agora para "dar explicações sobre a sua participação na cimeira".

Sem surpresas, o CDS-PP saudou a Cimeira das Lajes. O porta-voz da Comissão Directiva popular, António Pires de Lima, considerou que da cimeira resultou "a clara constatação de que o Iraque está armado", manifestando a esperança de que a França e a Alemanha alinhem com os Estados Unidos e os seus aliados na reunião de amanhã do Conselho de Segurança da ONU.

"A determinação e convicção demonstrada por Bush e aliados e a clara constatação de que o Iraque está armado pode ser que resulte numa inflexão da posição dos países que têm revelado ambiguidade face ao regime iraquiano", disse o dirigente popular.

António Pires de Lima sublinhou que chegou a hora de pôr fim "ao jogo do gato e do rato que dura há mais de doze anos".

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