Pneumonia atípica: DGS não vê razões para restringir viagens ao estrangeiro

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O alerta vai para as pessoas que nos últimos 15 dias tenham viajado para o Oriente e que eventualmente adoeçam com sintomas de infecção respiratória aguda Dulce Fernandes/PÚBLICO

Face ao alerta mundial lançado na quarta-feira pela Organização Mundial de Saúde na sequência do aparecimento de vários casos de "pneumonia atípica" na província de Cantão, na região de Hong Kong (China) e em Hanói (Vietname), a Direcção-Geral de Saúde defendeu ontem, em nota informativa, que não existe de momento "nenhuma indicação" que justifique a restrição de viagens internacionais e que até à data estes "surtos de infecção respiratória aguda" estão localizados apenas naqueles países asiáticos.

Mas deixa um aviso às pessoas que nos últimos 15 dias tenham viajado para estes países e que eventualmente adoeçam com sintomas de infecção respiratória aguda: "Devem procurar assistência médica hospitalar, referindo sempre a viagem efectuada." Entre estes sintomas, a DGS destaca o início súbito de febre superior a 38 graus e dores musculares associadas a tosse, expectoração ou dificuldade respiratória.

Na nota enviada ao final da tarde para os jornais, após uma reunião de várias horas com peritos da DGS, do Centro Nacional da Gripe e do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, o director-geral da Saúde garante que a situação está a ser acompanhada, em contacto directo com os organismos internacionais, e que está mesmo previsto o reforço dos mecanismos de vigilância epidemiológica, de acordo com "um plano de resposta faseada".

Mais cauteloso, o coordenador da Comissão de Infecciologia da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, Francisco Froes, considera que o melhor é não viajar para as regiões afectadas enquanto se aguarda por um melhor conhecimento da situação. "Ainda não se sabe o que está a acontecer. Eu não levaria os meus filhos para lá", disse ao PÚBLICO, apesar de sublinhar que não existem por enquanto razões para alarmismos.

O certo é que, ontem, as autoridades de Singapura e de Taiwan aconselharam as pessoas a não viajarem para Hong Kong, a não ser em casos de "absoluta necessidade", segundo noticiou a BBC. E em Singapura o conselho alargou-se mesmo a todos os que tencionavam deslocar-se até Hanói e Cantão.

Na origem do alerta internacional da OMS está um vírus de origem desconhecida (daí a designação de "pneumonia atípica") que se propaga com rapidez, afectando as vias respiratórias.Um vírus que provocou pelo menos um morto, para além de ter infectado dezenas de pessoas, sobretudos profissionais de saúde de hospitais de Hong Kong e do Vietname.Os peritos tentam agora determinar se existe alguma relação entre esta patologia e uma gripe igualmente de origem desconhecida que matou cinco pessoas e infectou mais de três centenas no mês passado, no Sul da China.

De acordo com a informação da DGS, a OMS começou a investigar os surtos de infecção respiratória aguda em meados de Fevereiro, mas os primeiros casos surgiram na província de Cantão, no Sul da China, já no início de Novembro passado, tendo sido notificados, até à data, "cerca de 350 casos" de "pneumonia atípica".

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