Iraque: Bush, Blair e Aznar reunidos este fim-de-semana nos Açores (actualização)

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EUA e Reino Unido continuam esforços diplomáticos no sentido de garantir aprovação do seu documento Joyce Naltchayan/EPA

O Presidente dos EUA, George W. Bush, e os primeiros-ministros britânico e espanhol, Tony Blair e José María Aznar, respectivamente, encontram-se este fim-de-semana nos Açores para discutir a situação no Iraque. Fonte oficial citada pela Lusa avançou que o primeiro-ministro, Durão Barroso, também vai participar na cimeira.

A Casa Branca já confirmou que George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar vão reunir-se domingo no arquipélago dos Açores, na Base das Lajes, situada na ilha Terceira. O Governo espanhol já confirmou também a realização da cimeira e que ela terá lugar nos Açores, a fim de "prosseguir os esforços" diplomáticos sobre a crise iraquiana.

Citando fonte do Governo, a Lusa avançou que Durão Barroso estará presente no encontro e que já informou o Presidente da República, Jorge Sampaio. No entanto, a fonte não precisou se o primeiro-ministro vai estar no encontro a título de participante ou de mero anfitrião.

A escolha da Base das Lajes, uma unidade militar partilhada pelas forças aéreas de Portugal e dos Estados Unidos, deve-se às condições logísticas e de segurança que o local oferece para uma reunião deste tipo, referiu a mesma fonte. Localizada perto de Praia da Vitória, segunda cidade da ilha Terceira, a base açoriana, que alberga militares dos EUA há quatro décadas, tem servido como ponto de escala de aviões e soldados e como estrutura de apoio ao reabastecimento no ar de aeronaves.

Um responsável da Administração americana também já tinha indicado que a reunião deveria realizar-se num país que não o de qualquer um dos líderes mundiais. "Estamos a pensar num quarto país [onde o encontro poderá realizar-se]", adiantou.

Ao contrário, fontes de Downing Street ouvidas esta manhã garantiam que o encontro deveria reunir apenas entre os três proponentes da proposta de resolução cuja votação foi adiada para a próxima semana no Conselho de Segurança.

O porta-voz oficial de Blair adiantava que "o fim-de-semana servirá para prosseguir com a intensa actividade diplomática". Tony Blair "continua comprometido com as conversações e está em contacto com vários outros líderes sobre o assunto. As diferenças mantêm-se, mas continuamos a tentar garantir uma segunda resolução" adiantou o porta-voz de Downing Street.

O encontro permitirá aos três dirigentes concertarem estratégias diplomáticas e militares.

A proposta de resolução sobre o Iraque elaborada por Londres, Washington e Madrid - à qual ainda não responderam seis membros do Conselho de Segurança e a qual está ameaçada pelo veto da França e da Rússia - abre caminho à via militar contra o Iraque, se o regime de Saddam Hussein não der sinais de um cooperação total e efectiva até ao prazo-limite de 17 de Março.

A acrescentar à resolução, Blair propôs que seguisse em anexo uma série de condições que, a serem cumpridas por Saddam Hussein, poderiam evitar a guerra.

A Rússia, França e Alemanha já manifestaram o repúdio das propostas do primeiro-ministro britânico, considerando que não contribuem para resolver a questão essencial: evitar um conflito armado.

Entretanto, os seis membros não permanentes do Conselho de Segurança que ainda estão indecisos - Chile, México, Paquistão, Camarões, Guiné-Conacri e Angola - estão a trabalhar conjuntamente numa proposta, informou o embaixador francês na ONU, Jean-Marc de la Sablière.

Os esforços diplomáticos deverão aumentar estes dias, de forma a evitar mais um adiamento da votação da resolução.

Blair apresentou uma série de condições que o Iraque deve satisfazer se quiser evitar um conflito armado. As exigências foram incluídas na proposta de resolução entregue a 24 de Fevereiro ao Conselho Segurança das Nações Unidas, mas cuja votação tem sido adiada e poderá acontecer amanhã.

A nova versão do documento mantém 17 de Março como prazo para o fim do ultimato. Este foi um dos pontos que gerou divergências entre os signatários da resolução e seis países membros não permanentes do Conselho de Segurança que ainda não decidiram o seu voto. Estes últimos pretendiam alargar o prazo-limite dado a Bagdad para se conformar com as exigências internacionais até 45 dias após a aprovação da nova resolução.

As restantes condições apresentadas por Blair prendem-se com entrevistas a pelo menos 30 cientistas iraquianos em Chipre, que serão questionados pelos inspectores sobre o processo de desarmamento, explicações sobre todo o antraz ainda armazenado por Bagdad, informações sobre as armas e os mecanismos para as desenvolver, apresentação de "provas credíveis" de que não voltou a produzir-se antraz desde 1991 e a destruição de todos os componentes dos mísseis Al-Samud II e de todos os outros mísseis que ultrapassem o limite de 150 quilómetros de alcance autorizado ao país pela resolução 678 da ONU. O regime iraquiano deve ainda entregar inventários dos aviões não pilotados e de outros veículos aéreos de reconhecimento que se sabe possuir.

Ao mesmo tempo, Blair exigiu que o líder iraquiano, Saddam Hussein, anunciasse publicamente, na televisão, que "tentou dissimular armas de destruição maciça". "Não há qualquer necessidade" de uma intervenção deste género, afirmou Sabri, sublinhando que as Nações Unidas "não tratam com pessoas mas com Estados".

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