Filme de maneirismo minimalista

É curioso ver um filme tão árido como Gerry aparecer vindo da América, mesmo que seja assinado por um cineasta marginal (tem dias, pelo menos) como Gus van Sant.

Deixando de lado essa componente bizarra (e o facto de o protagonista de um filme assim ser Matt Damon, "star" de médio coturno, mas ainda assim uma "star"), é inegável que "Gerry", no seu tratamento do tempo e do espaço, em planos duros como mármore, tem o seu quê de sedutor. O problema é que, tudo somado, parece uma espécie de imitação, como se Van Sant se tivesse deixado fascinar pelo cinema desolado de gente como Béla Tarr (a quem, de resto, agradece no genérico final) e quisesse fazer igual. O resultado é um filme de maneirismo minimalista, com óbvio sabor a pastiche que, no entanto, ninguém duvide, será mais visto, apreciado e discutido do que a "real thing".

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