Durão e Schussel contestam directório europeu

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Os primeiros-ministros de Portugal e Áustria contestaram hoje a criação de um directório na União Europeia (UE) e reafirmaram o apoio ao princípio da igualdade entre os Estados-membros.

Países com características idênticas em termos de dimensão e população, Portugal e Áustria expressaram o seu "interesse comum" na actual fase do processo de reforma institucional da UE, por oposição a algumas propostas saídas do acordo franco-alemão.

No final de um encontro em Viena, o chanceler austríaco, Wolfgang Schussel, e o primeiro-ministro português, Durão Barroso, consideraram que o novo cenário do alargamento exige à UE "procedimentos mais efectivos", mas sem pôr em causa "princípios comuns" que afirmaram partilhar. Entre esses princípios destacaram a igualdade entre os Estados-membros e o reforço do papel da Comissão Europeia.

"A UE tem de se adaptar à nova situação, mas sem esquecer os princípios básicos como o da igualdade e de uma Comissão Europeia mais eficiente e capaz de enfrentar os novos desafios", disse Durão Barroso.

O primeiro-ministro afirmou também que serão prosseguidos os contactos com o seu homólogo austríaco, "para ver que contribuição" poderá ser dada à UE, no âmbito de uma ofensiva diplomática junto de países de pequena e média dimensão que contestam aspectos de reforma institucional propostos pela França e pela Alemanha.

"É do interesse de todos ter uma União equilibrada, onde todos os Estados-membros se sintam representados. É importante manter o princípio da rotatividade. Até agora, ainda não vi uma proposta que nos garanta um sistema melhor", exemplificou Durão Barroso.

Por seu lado, Wolfgang Schussel salientou o apoio "definitivo à ideia da criação do cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros" da UE e disse que o sistema da rotatividade foi testado com sucesso nas presidências de países pequenos e médios, de que deu como exemplo a da Dinamarca.

Iraque e UE dominam visitas de Durão

Durão Barroso terminou hoje uma visita a Itália e à Áustria, na qual manteve contactos com os seus homólogos sobre a crise no Iraque e o processo de reforma institucional da UE.

Em Roma, o primeiro-ministro português partilhou posições com Silvio Berlusconi sobre a crise no Iraque e a necessidade de ser manifestado o apoio aos Estados Unidos no caso de ocorrer um conflito armado.

Durão Barroso disse ter recebido de Berlusconi a garantia de isenção no processo de reforma da UE durante a presidência italiana — no segundo semestre deste ano —, acrescentando que Roma "está mais perto das posições portuguesas".

Já em Viena, o cenário inverteu-se, com os dois chefes de Governo a concordarem sobre a necessidade de se manterem princípios básicos nas instituições europeias e a divergirem sobre o caminho a tomar no actual processo de pressão sobre o Iraque.

Durão Barroso foi um dos oito chefes de Governo europeus que assinou um documento de apoio aos Estados Unidos; Schussel justificou com a neutralidade do seu país a preferência por uma tomada de posição no âmbito dos Quinze.

Os contactos do primeiro-ministro sobre estes temas que marcam a actualidade internacional prosseguem já amanhã, em Lisboa, agora com um encontro com o primeiro-ministro irlandês.

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