Tribunal suspende mandato de Júlio Faria na Assembleia Municipal de Felgueiras

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Júlio Faria foi o antecessor de Fátima Felgueiras e, até há pouco tempo, presidente do clube de futebol local Estela Silva/Lusa

Júlio Faria, antecessor de Fátima Felgueiras à frente da Câmara Municipal de Felgueiras, viu hoje suspenso o seu mandato de presidente da Assembleia Municipal local.

O responsável, detido na tarde de ontem e ouvido durante várias horas no Tribunal de Felgueiras pelo juiz de instrução criminal, saiu em liberdade, depois de pagar uma caução de 20 mil euros.

De acordo com a Lusa, Júlio Faria está impedido de frequentar as instalações municipais, o que também se aplica à presidente da Câmara que ontem foi suspensa do cargo.

O responsável, a exercer actualmente o cargo de administrador do Hospital Agostinho Ribeiro, deverá ser substituído na Assembleia Municipal por Albino Ribeiro, que desempenha as funções de primeiro secretário da mesa e já substituiu Barros Moura, quando o antigo eurodeputado do PS se demitiu da liderança daquele órgão em finais de 2001, em ruptura com Fátima Felgueiras.

Ontem a Polícia Judicária de Braga revelou ter recolhido provas que indiciam "a prática, no desempenho das funções exercidas na edilidade, de diversos crimes de corrupção passiva para acto ilícito, participação económica em negócio e abuso de poder".

Júlio Faria — que além de ter cumprido dois mandatos e meio à frente da Câmara de Felgueiras foi também deputado à Assembleia da República na legislatura de 1995-99 — é apontado como sendo um dos destinatários de verbas do "saco azul" do PS, em particular enquanto presidiu ao Futebol Clube de Felgueiras.

O autarca é também suspeito de ser o responsável pela criação e administração do "pelouro de finanças", ou seja, o esquema de angariação de fundos para o "saco azul". No processo consta um documento no qual instrui as duas pessoas responsáveis pela gestão dos fundos não só sob a forma de funcionamento mas também sob os cuidados a ter em conta.

Segundo a edição do PÚBLICO de hoje, a PJ de Braga terá ainda em sua posse um outro documento redigido por Júlio Faria no qual se esclarece o relacionamento entre a autarquia e a empresa de recolha de lixos Resin (uma das vertentes do intrincado processo) e à forma e destinado dado às verbas que circulavam entre as duas entidades.

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