Desfile de efeitos

Candidato a "bluff" do ano, não porque fique por confirmar como filme-choque (que é, afinal, o programa de "Irreversível"), mas porque para lá disso e da recepção radical que procura, subsistem poucas ideias de cinema. É um desfile de efeitos e como filiação, andará mais próximo da estética do videoclip do que de Kubrick (será menos um filme sobre a relação de um casal do que um discurso sobre um corpo e a sua imagem, o de Monica Bellucci, e até nisso Noé não consegue ir além da polarização "maman et putain"). E é, finalmente, quando o balão se esvazia que Noé parece chegar a uma limpidez. Veja-se a cena, belíssima, de Bellucci e Cassel em casa: é o único momento, simultaneamente verdadeiro e ambíguo, do filme, e é ali que se pressente, como nunca, a exposição dos dois actores. Mas isso é outro filme...

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