Um óptimo filme

Num mundo onde nos querem convencer de que é preciso escolher entre ser-se pró-Spielberg ou anti-Spielberg, tentemos, a propósito de "Relatório Minoritário", a equidistância das três estrelinhas.

É um óptimo filme, adulto, complexo, politicamente actuante, não-conciliador, desprovido de sentimentalismo e, como se calhar já não acontecia desde "Encontros Imediatos do Terceiro Grau", com uma zona de sombra obsessiva e opressiva - e coincidência ou não (Truffaut estava nesse filme), "Relatório Minoritário", para lá do que vem em linha directa de Dick, é um filme que a vários níveis parece estabelecer uma relação com "Farenheit 451". Reflexão sobre um futuro que só metaforicamente o é, onde as maravilhas e as inquietações coexistem como reverso da mesma moeda, "Relatório Minoritário" é sobretudo um filme certo e, mesmo, relativamente austero, capaz de compilar uma série de temas e preocupações que não são novos mas estão na ordem do dia. Não é propriamente um filme vanguardista, é sobretudo um filme atento.

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