Estereótipo atrás de esteriótipo

Uma comédia romântica com programa político? É certo que "Beijando Jessica" exibe no seu currículo o facto de ter começado como uma produção do circuito "off-off Broadway" - habitualmente conotado com uma certa irreverência -, mas cedo se percebe que está mais ao serviço da ligeireza do costume do que de um investimento sério naquilo que pretende ser: um novo olhar sobre a representação da identidade sexual. Escrito, produzido e interpretado pelas duas actrizes do espectáculo original que, cansadas dos "ingratos" papéis femininos, decidiram procurar algo de "diferente" (a diferença, aparentemente, está no pressuposto de encarar a orientação sexual como uma "experiência", como quem muda de roupa), o filme acaba por redundar, precisamente, no que pretende evitar: no convencional e no normativo, estereótipo atrás de esteriótipo, da comunidade "gay" aos judeus nova-iorquinos.

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