Mais confuso do que complexo

Parece um filme feito para exorcizar fantasmas (porventura muito espanhóis, ou pelo menos, muito católicos) e à partida merece a simpatia que todos os exorcismos merecem. Mas não parece que Medem resolva bem o filme. Deixa-o enredar-se num esquema narrativo que é mais confuso do que complexo, emaranha-se num erotismo de catálogo lustroso (à la "Nove Semanas e Meia") sem ser capaz (embora tente) de lhe construir um contraponto mais negro, embrulha-se numa espécie de misticismo que ao fim de pouco tempo é impossível de levar a sério - as histórias da ilha, as referências ao sexo selvagem (sic), acabam por se tornar um tanto ridículas, digamos assim. O mais interessante acaba por ser a hesitação de Medem, dividido entre vestir a pele do libertino ou a do puritano. Mas a contradição não tem uma expressão suficientemente produtiva para evitar que "Lúcia e o Sexo" seja um filme falhado. A melhor surpresa espanhola do ano continua a ser "O Mar", de Agusti Villaronga.

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