Vaz Pinto empossado hoje como alto comissário para as Minorias Étnicas

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O cargo vai ser reformulado por forma a que o alto comissário tenha maior capacidade de intervenção André Kosters/Lusa

O padre António Vaz Pinto é empossado hoje como alto comissário para as Minorias Étnicas e Imigração, mas a escolha de um representante da Igreja Católica para cargos de nomeação política não é consensual.

O cargo que Vaz Pinto vai ocupar será reformulado por forma a que o alto comissário para as Minorias Étnicas e Imigração tenha maior capacidade de intervenção nas políticas de integração.

A escolha do padre Vaz Pinto não foi bem aceite por sectores da Igreja Católica, nomeadamente por D. Januário Torgal Ferreira, presidente da Comissão Episcopal das Migrações.

D. Januário Torgal considerou que a nomeação de um padre para o cargo de alto comissário para as Minorias Étnicas pode indiciar "trejeitos de um regime de cristandade" por parte de quem toma a decisão.

Fazendo referência ao facto de este ser o terceiro padre a desempenhar cargos de nomeação política - Feytor Pinto no antigo Projecto Vida e Vítor Melícias no comissariado para Timor-Leste -, D. Januário Torgal Ferreira diz ter a sensação de que "cada Governo tem de ter o seu padre".

Em declarações ao PÚBLICO, o padre António Vaz Pinto aceita que o critiquem, mas afirma que não chegou agora à imigração, tendo já criado dois centros de apoio a estudantes estrangeiros e a imigrantes de Leste.

Vaz Pinto defende que, "ocupando a Igreja o lugar que ocupa no campo da imigração, tem sentido ser um padre" o escolhido para este cargo, podendo até "haver vantagens" que se traduzem na "maior isenção e humanidade". E promete ser porta-voz da Nação perante os imigrantes e porta-voz dos imigrantes perante o país.

Pessoas próximas de Vaz Pinto definem-no como "um homem determinado", com "grande capacidade empreendedora", que "necessita de objectivos para viver" e que "quando mete uma coisa na cabeça não desiste".

Morais Sarmento empossa Vaz Pinto

O padre Vaz Pinto, que substitui no cargo António Leitão, nasceu no ano de 1942, em Lisboa, onde passou toda a sua infância. É o décimo primeiro de doze filhos e gostaria de ter sido diplomata.

Frequentou o curso de Direito, mas desistiu no quarto ano. Acabou por licenciar-se em Filosofia e Teologia. É membro da Companhia de Jesus desde 1965 e padre desde 1974.

Dirigiu o Centro Universitário Manuel da Nóbrega, em Coimbra, e foi capelão da universidade local. Criou o Centro Universitário Padre António Vieira (1984), a organização Leigos para o Desenvolvimento (1996) e o Banco Alimentar Contra a Fome (1992) e foi assistente religioso da Rádio Renascença.

Em 1992 conheceu Rui Marques, que mais tarde organizaria a expedição do navio "Lusitânia Expresso" a Timor-Leste, e que será agora seu adjunto.

O padre jesuíta é empossado pelo ministro da Presidência, Morais Sarmento, numa cerimónia em que estará também presente o primeiro-ministro.

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