Tiragem histórica

O primeiro livro da colecção Mil Folhas teve uma tiragem
de 120 mil exemplares, um número muito elevado em
relação ao panorama geral do mercado editorial português.
“Uma tiragem histórica”, nas palavras de Graça Didier,
presidente da Associação de Editores e Livreiros (APEL).
No ano passado, a mesma associação tinha divulgado
em conferência de imprensa as estatísticas da edição
de livros em Portugal (ver PÚBLICO de 12/06/01),
anunciando uma diminuição drástica na tiragem média,
de três mil para 1.500 exemplares, em 1999.
No que diz respeito à colecção Mil Folhas e face
aos dados disponíveis, Graça Didier considerou a iniciativa
como “muito positiva”, susceptível de contribuir para
“diversificar e conquistar novos leitores”.

“O Nome da Rosa” esgotado em todos os postos de venda

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Um enorme sucesso de vendas foi o resultado do primeiro dia da colecção Mil Folhas, inaugurada com “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco. Ao início desta manhã, já não restavam volumes nas bancas lisboetas e à tarde a edição estava tecnicamente esgotada.

Mal passava das oito e um quarto da manhã quando já se vislumbravam algumas pessoas com um livro azul debaixo do braço. Em frente a uma caixa multibanco, uma jovem tentava desesperadamente equilibrar a pasta, o jornal e o volume de “O Nome da Rosa”, ao mesmo tempo que se esforçava por introduzir o cartão na máquina.

No quiosque junto à RTP, às oito e meia, a afluência era grande. Trinta volumes já tinham ido parar às mãos dos clientes mais madrugadores, mas houve quem, por prudência, quisesse reservar o jornal na véspera, para não correr o risco de perder a oferta. Todavia, as reservas não foram apenas feitas para o dia de hoje: algumas pessoas quiseram assegurar-se de que, nas próximas semanas, os livros da colecção Mil Folhas ficassem bem guardados.

Um pouco mais à frente, na Avenida da República, perto da estação de metro do Campo Pequeno, os volumes estavam esgotados desde as oito horas. “Se o PÚBLICO me tivesse enviado 500 livros, vendia-os todos hoje”, afirmou o proprietário do quiosque. É que muitos optaram por comprar dois ou três jornais, para dar aos amigos ou, simplesmente, para ficar de recordação.

Na Avenida 5 de Outubro, a chuva que começava a cair não afastou os potenciais compradores do jornal. A quantidade de volumes recebida foi grande (160 livros), mas apenas sobrava uma dezena, isto às nove horas. No entanto, houve locais de venda a quem foram atribuídos poucos livros (de 15 a 26), como é o caso dos quiosques no Marquês de Pombal e nos Restauradores, sendo que às oito horas já não restava nenhum para amostra. Já a banca de jornais do Chiado, junto ao café “A Brasileira”, tinha recebido 180 volumes, dos quais uma centena havia sido vendida às dez horas da manhã. Também na Avenida de Roma (esquina com a Avenida João XXI), os 100 volumes que se encontravam à disposição esgotaram-se por volta das dez horas.

Leitores habituais do PÚBLICO ou compradores ocasionais?

Quem compra o PÚBLICO todos os dias não se revelou muito satisfeito com esta súbita procura do jornal, ou melhor, da oferta do volume de “O Nome da Rosa”. “Compro o PÚBLICO habitualmente, mas hoje não consigo encontrá-lo em lado nenhum. É quase assustador”, comentava alguém. Outros, menos fiéis às páginas do jornal, mostravam desilusão, porque queriam o livro e este estava esgotado em quase todos os locais.

Um dos proprietários do quiosque da Rua do Viriato, nas Picoas, afirmou que as pessoas que compraram o jornal não correspondiam às caras que habitualmente o adquiriam. “Hoje toda a gente quer o PÚBLICO. Eu chamo-lhes os ‘estrangeiros’, porque não são as pessoas que o costumam comprar diariamente”, afirmou.

Assíduos ou ocasionais, o facto é que grande parte dos compradores do jornal revelou uma grande preocupação em estimar os livros, pelo menos a parte exterior — “as capas são tão bonitas que não quero sujá-las”, comentava uma senhora idosa, exibindo o volume.

De acordo com Luís Ferreira, director da circulação do jornal, “O Nome da Rosa” encontrava-se tecnicamente esgotado nos 6.700 postos de venda em que foi disponibilizado.

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