Infeliz caso de reciclagem

Pequena variação sobre o (pouco) prolífico género da comédia romântica, "Feliz Acaso" é um infeliz caso de reciclagem que toma como referência os filmes sobre os amantes predestinados, mandando o melodrama às urtigas e preferindo o tom meloso e algo indigesto de alguém que se esforça demasiado por agradar. Nem vale a pena lembrar "The Clock/ A Hora da Saudade" (1945), de Vincent Minnelli, filme dominado pelos ponteiros do relógio (aqui mimetizado numa sequência aflitiva de relógios de sol), em que um isqueiro determina o reencontro dos dois amantes - fabulosos Robert Walker e Judy Garland. Em "Feliz Acaso" tudo é forçado: nessa espécie de crença cega no destino, ela (decorativa Kate Beckinsale) escreve o nome e número de telefone numa edição de "Amor em Tempos de Cólera", enquanto ele (John Cusack igual a si próprio) faz o mesmo numa nota de cinco dólares. Passam sete anos - sete anos! - e os dois voltam a reencontrar-se (não estávamos à espera disto...), sem que os clichés venham atrapalhar coisa alguma. É o destino.

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